Das 112 unidades básicas de saúde de Cuiabá, 39 não possuem médicos para atendimento da população. Isso significa que a rede primária está com um deficit de 35% destes profissionais. Levantamento foi apresentado pela Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores da capital e reflete diretamente na vida da população. Gestantes têm feito o pré-natal acompanhadas por enfermeiras e pessoas com comorbidades precisam pagar consultas particulares para não correr o risco de ter o quadro clínico prejudicado por falta de assistência médica.
“Eu achei muito estranho ser examinada por uma enfermeira e não por um médico. Como é a minha primeira gestação e eu tinha muitas dúvidas, achei melhor pagar consultas particulares com um obstetra”. Este é o relato da venezuelana Dayelis Perdomo, 23, que sempre busca atendimento médico na Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro Bela Vista. Acompanhada da mãe, ela estava na unidade na última quinta-feira (22) para realizar o teste do pezinho no filho de apenas 5 dias de vida.
A jovem conta que logo que se mudou para o bairro descobriu a gestação e na sequência foi buscar atendimento médico na unidade local. Segundo ela, desde que engravidou até o nascimento do filho, não conseguiu realizar nenhuma consulta com médico e acabou fazendo todo o pré-natal com uma enfermeira. “Até chegou de aparecer alguns médicos nesses 9 meses, mas eu marcava a consulta e quando chegava no dia falavam que ele já tinha pedido demissão ou tinha sido remanejado”.
O problema fez com que a jovem fizesse um esforço e pagasse 4 consultas particulares. Mas, antes disso, Dayelis conta que chegou a buscar atendimento na unidade do Jardim Leblon, onde também informaram que não tinha médico. “Agora que meu filho nasceu vai começar outra saga. Ele precisa ser acompanhado por um pediatra mensalmente e, infelizmente, não tenho dinheiro para pagar consultas todo mês. Espero que a Prefeitura solucione esse problema. Pois está prejudicando a saúde do povo”.
Segundo a direção da USF Bela Vista, atualmente a unidade conta com duas médicas, mas uma está de licença maternidade e outra de férias. Até o momento, a Secretaria Municipal de Saúde não encaminhou substitutos.
ELAYNE MENDES
Gazeta Digital