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Com informação: VG Notícias
Em meio ao debate sobre transparência no processo legislativo, o deputado estadual Eduardo Botelho (União) manifestou firme apoio à manutenção do voto secreto na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Durante cerimônia de assinatura do contrato com o Hospital Albert Einstein na noite desta terça-feira (22), o parlamentar argumentou que o mecanismo é essencial para preservar a autonomia do Poder Legislativo.
“Se não fosse pelo voto secreto, duvido que conseguiríamos derrubar vários vetos governamentais”, afirmou Botelho, referindo-se a recentes decisões polêmicas da Casa. A declaração foi uma resposta indireta às críticas da senadora Margareth Buzetti (PSD), que questionou publicamente a continuidade da prática em votações que impactam diretamente a população.
Sem confrontar diretamente a colega de parlamento, o deputado adotou tom conciliador: “Respeito a opinião da senadora. A democracia se faz com pluralidade de pensamentos”. No entanto, manteve sua defesa intransigente do instituto, revelando que muitos colegas mudaram de posição após vivenciarem o processo legislativo.
“Conheço diversos parlamentares que eram contra o voto secreto, mas hoje reconhecem seu valor democrático”, relatou Botelho, sugerindo que a prática protege os deputados de pressões externas e garante decisões mais alinhadas à consciência individual.
O debate ganha relevância em um contexto onde a ALMT enfrenta questionamentos sobre sua relação com o Executivo estadual. Recentemente, o governador Mauro Mendes (União) chegou a criticar o uso do sigilo em votações de impacto social, como a derrubada do veto às cantinas em presídios.
Para Botelho e outros defensores do mecanismo, no entanto, o voto secreto seria um antídoto contra o que classificam como “assimetria de poder” entre os Poderes. “Não se trata de falta de transparência, mas de preservar a capacidade do Legislativo de fiscalizar e contrabalançar o Executivo”, argumentou o parlamentar, ecoando posicionamento semelhante ao do presidente da Casa, deputado Max Russi (PSB).
A controvérsia reflete uma tensão constitucional permanente entre os princípios de publicidade dos atos públicos e a necessidade de proteger a independência dos parlamentares. Enquanto críticos veem no sigilo um resquício autoritário, defensores como Botelho insistem que ele é ferramenta essencial para um legislativo verdadeiramente autônomo – especialmente em estados com forte concentração de poder no Executivo.
O deputado encerrou sua manifestação reafirmando o compromisso com o regimento interno da ALMT, que atualmente permite o voto secreto em determinadas matérias. “Não estamos falando de ocultismo, mas de equilíbrio institucional”, concluiu, deixando claro que a bancada majoritária não pretende abrir mão do mecanismo no curto prazo.