Professor Da UFMT Afirma Que Obra No Portão Do Inferno Causará Voçoroca Gigantesca E Desmoronamento

Foto:Henrique Santian

Com informações: vgnoticias

Especialistas em geologia, moradores e comerciantes da Chapada dos Guimarães se reuniram na tarde desta quarta-feira (21.08) no Ministério Público do município para debater os impactos socioambientais das obras de corte e nivelamento de rochas no Portão do Inferno. O professor Auberto Siqueira, chefe do departamento de Geologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), criticou duramente a proposta de corte e nivelamento de rochas, afirmando que é a pior opção possível. Segundo o pesquisador, essa obra coloca em risco toda a formação rochosa que compõe as falésias da Chapada, acima do canteiro de obras. Ele fez uma analogia com a medicina para ilustrar seu ponto. Antes de decidir pelo procedimento cirúrgico adequado, a equipe médica deve avaliar se o paciente tem condições de passar pela cirurgia. Nesse caso, o “paciente” Portão do Inferno não suportaria a cirurgia (corte e nivelamento de rochas) porque seu “corpo” (formação geológica) é muito frágil. Além da vulnerabilidade inerente à formação rochosa em questão (Botucatu), o professor também apontou três linhas de fragilidade estrutural na região das falésias e explicou que o corte e nivelamento da rocha seriam feitos entre duas delas, criando uma área de risco. Ele também apontou uma grave inconsistência por parte do Departamento Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), que usou como exemplo para o Portão do Inferno uma imagem de uma obra de corte e nivelamento de rocha feita em outra formação rochosa, no caso a Serra da Rocinha-SC, que é capaz de suportar tal procedimento arquitetônico. A análise do professor considera todo o maciço (termo geológico para se referir a um maciço rochoso ou a um conjunto de formações rochosas conectadas), e não apenas a localização específica da obra, foco dos estudos apresentados até aqui. O que sustenta as falésias, como explica Siqueira, é uma fina película de óxido de ferro que liga os grãos de areia da formação Botucatu. E essa película, formada graças a uma oxidação que ocorre há milhares de anos, pode ser removida pela execução da obra, deixando toda a falésia ainda mais vulnerável. Além de afirmar que a formação rochosa não suporta a obra proposta, o professor questiona a transparência do governo de Mato Grosso quanto à coleta de dados essenciais para embasar essa tomada de decisão, no caso os resultados dos levantamentos geotécnicos e ensaios de resistência, que servem para identificar as condições físicas do maciço. “Essas medidas são protocolares, desenvolvidas por normas rigorosas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Nenhuma obra pública ou privada pode ser realizada sem esses levantamentos e ensaios.” Nessa linha, no dia 7 de agosto, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Ibama que prestasse esclarecimentos detalhados sobre todos os projetos alternativos apresentados pelo Sinfra

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