Foto: Emanoele Daiane
A secretária municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e Inclusão, Hélida Vilela, recentemente realizou uma visita significativa à comunidade indígena Warao, que se encontra em uma chácara localizada no bairro Nova Esperança, na zona rural de Cuiabá, além de também visitar o Albergue Manoel Miraglia. Essa ação foi parte de um esforço mais amplo para implementar políticas públicas que atendam às necessidades dos migrantes indígenas da Venezuela, que se encontram em situações de vulnerabilidade extrema.
Durante a visita técnica, Hélida Vilela e sua equipe tiveram a oportunidade de atender a um total de 20 famílias, o que representa cerca de 70 pessoas, entre as quais estão 35 crianças. Além disso, outras 50 pessoas foram atendidas no bairro Borda da Chapada. A equipe identificou diversas necessidades essenciais para os moradores, incluindo a melhoria no acesso a alimentos, serviços de saúde, inclusão escolar e a emissão de documentos, que são fundamentais para a dignidade e o bem-estar dessas famílias.
A comunidade indígena Warao está instalada em uma propriedade que foi doada em novembro de 2024 pelo padre jesuíta Aloir Pacini, que é professor na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Desde a doação, esse espaço não apenas serve como abrigo, mas também se tornou um território de resistência cultural, permitindo que os Warao mantenham suas tradições e modos de vida.
Durante a ação, foi possível identificar que existem 69 famílias Warao vivendo na capital mato-grossense. Destas, 68 estão registradas no Cadastro Único e 63 recebem o Bolsa Família, um importante programa de transferência de renda. Contudo, os dados também revelam que, embora 54 crianças estejam frequentando escolas, ainda existem desafios significativos relacionados à frequência escolar e à evasão.
A secretária Hélida Vilela enfatizou o compromisso da gestão municipal em oferecer um suporte sensível e responsável às famílias Warao. “A Prefeitura de Cuiabá está empenhada em buscar alternativas de geração de renda e garantir a assistência social necessária a essas famílias, sempre respeitando suas tradições, sua cultura e suas formas próprias de organização. Estamos acolhendo o povo Warao com responsabilidade, cuidado e a escuta ativa que essa população merece”, afirmou.
No bairro Nova Esperança, os indígenas Warao praticam atividades tradicionais que são parte de sua identidade cultural, como o cultivo de bananeiras e mandioca, a criação de galinhas e a pesca em um rio próximo. Essas práticas são fundamentais para a identidade alimentar e espiritual dos Warao, que são conhecidos como o “povo da canoa”. A vida em harmonia com a natureza representa uma tentativa de resgatar parte do que perderam durante a fuga forçada de seu território na Venezuela, onde enfrentavam sérias dificuldades, como a fome, a violência e a invasão de suas terras.
Entretanto, a situação no albergue Manoel Miraglia é mais complexa e exige ações mais abrangentes por parte do poder público. A secretária Hélida já está articulando uma parceria com o Governo Estadual, através da Secretaria de Assistência Social (Setasc), que deve auxiliar no acolhimento, manutenção e suporte às famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade. “O caso dos Warao que estão no albergue nos traz mais preocupação. Aqui há pessoas que estão nas ruas pedindo esmolas e levando crianças, e isso precisa acabar. Essas crianças precisam de acolhimento, educação formal, e estamos elaborando programas de contra-turno escolar para que elas não fiquem expostas aos perigos nas ruas”, comentou Hélida.
Além disso, a secretária está buscando parcerias com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente para encontrar pescado apreendido, que é a principal fonte de proteína consumida pelos indígenas, e madeira para a construção de suas casas. “Além desse esforço com o Estado, temos a equipe jurídica tentando encontrar soluções junto ao Ministério Público e ao Poder Judiciário na esfera jurídica”, acrescentou a secretária, que destacou a importância de audiências com os dois poderes.
Os Warao chegaram a Cuiabá em 2020 e, desde então, têm enfrentado sucessivas mudanças de moradia e obstáculos, como a barreira linguística, a falta de documentos e a exclusão do mercado formal de trabalho. Inicialmente, eles ocuparam uma área próxima à rodoviária, depois passaram por imóveis alugados no Tijucal e, em seguida, por abrigos improvisados. A Prefeitura de Cuiabá reafirma seu compromisso em ampliar o acolhimento aos Warao, respeitando sua cultura e assegurando que seus direitos básicos sejam garantidos.
A nova gestão também busca articular com organizações da sociedade civil e iniciativas privadas para garantir autonomia e dignidade às famílias indígenas que agora residem em Cuiabá. Essa abordagem visa não apenas fornecer assistência imediata, mas também criar condições para que os Warao possam se estabelecer de maneira sustentável em sua nova realidade.
#PraCegoVer Na imagem principal, uma líder indígena da comunidade Warao conversa com a secretária de Assistência Social ao lado de uma capela montada no terreno onde as 19 famílias venezuelanas estão abrigadas.
Informações: Prefeitura de Cuiabá