A Polícia Civil de Mato Grosso demitiu dois agentes após a conclusão de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), que apurou um suposto pedido de propina de R$ 20 mil, para a liberação de um Fiat Idea, em 2017. Na ocasião, eles teriam abordado um homem, em um assentamento, alegando que o carro seria produto de roubo e ameaçado o filho da vítima.
O PAD investigava os policiais civis, Fábio Leite da Silva, Alessandro Vicente Ferreira dos Santos e Glauco Alves de França. Além da investigação interna, eles são réus em uma ação por improbidade administrativa, na Vara Especializada em Ações Coletivas, e respondem pelo crime de concussão em outra ação penal que tramita na Sétima Vara Criminal de Cuiabá.
Morto em março de 2021, vítima de Covid-19, Glauco Alves de França deixou de ser investigado após seu falecimento. Segundo a ação por improbidade, o trio atuava na Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Veículos Automotores da Capital (DERFVA). Eles teriam se dirigido até o assentamento “Flor da Mata”, no dia 8 de fevereiro de 2017, e abordado um motorista alegando que o Fiat Idea que ele conduzia, seria produto de roubo.
Os policiais conduziram o homem até a delegacia, mas no caminho, Alessandro Vicente Ferreira dos Santos teria proposto um acerto. Foi então que uma outra pessoa entrou no carro e se identificou como delegado, exigindo R$ 20 mil para que o veículo não fosse apreendido e ele não fosse detido em flagrante.
Os policiais teriam afirmado ainda para a vítima que se caso contasse para alguém sobre o pedido de propina, o filho dele, que estava preso, seria morto. O homem aceitou a proposta, mas afirmou que tinha apenas metade da quantia exigida. Com isso, ele pagou R$ 10 mil para Alessandro Vicente Ferreira dos Santos.
Ao receber o dinheiro, o policial entregou um número de telefone e exigiu que o valor fosse pago até o dia 10 de fevereiro, dois dias após a abordagem. A vítima só denunciou o caso porque não conseguiu o restante do valor e também por ter descoberto que o veículo não era produto de roubo, tendo apenas pendências administrativas.
“O governador do Estado de Mato Grosso, no uso de suas atribuições legais, diante do Processo Administrativo Disciplinar instaurado em desfavor dos servidores Alessandro Vicente dos Santos […]; Fabio Leite da Silva […] resolve: 1. Acolher as recomendações exaradas pela Procuradoria-Geral do Estado”, diz trecho das portarias, publicadas nesta quinta-feira (17), que determinou a demissão dos policiais.
Policiais civis são demitidos por exigirem propina mediante ameaça | FOLHAMAX