Pessimismo e revolta marcam obras do BRT em VG

Pessimismo, revolta e desânimo são os principais sentimentos expressados por comerciantes, trabalhadores e pedestres que passam diariamente pelo canteiro de obras inacabadas do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que se estende por cerca de 5 quilômetros de vias movimentadas de Várzea Grande.

Moradores do município com mais de 290 mil habitantes enterraram o sonho de serem integrados à região metropolitana pelo VLT. Apesar da promessa de que até 2025 será entregue o novo modal do BRT (Bus Rapid Transit), e com máquinas já destruindo o “esqueleto” do modal que não se concretizou, o descrédito é total.

A obra do VLT, que se arrastou por mais de 10 anos e deveria ter sido inaugurada para a Copa do Mundo de 2014, se tornou um fantasma que assombra quem passa por um dos principais corredores que ligam o município à Capital. No final de novembro, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) iniciou o processo de demolição e limpeza do canteiro central.

Diante do aeroporto Marechal Rondon, ainda na avenida João Ponce de Arruda, os primeiros trilhos do VLT passam pelo prédio da moderna estação, que na tarde se sexta-feira (9) era ocupada por dois moradores em situação de rua que dormiam profundamente, indiferentes a movimentação de veículos.

O vigilante Magno Silva, 56, resume dizendo que toda obra não passou de desperdício de dinheiro público. Próximo dele, o auxiliar de serviços gerais Matheus Lopes, 20, diz que há uma semana começou a trabalhar em uma empresa próximo ao aeroporto e faz a rota até o bairro Osmar Cabral, em Cuiabá, diariamente.

Assegura que em horários de pico, quando volta para casa, a viagem no coletivo fica ainda mais lenta pelos engarrafamentos na avenida da FEB. Pessimista, não acredita que a curto ou médio prazo ele ou outros usuários do transporte coletivo tenham qualquer melhoria no serviço oferecido.

Um pouco mais para frente, próximo à loja Havan, a situação é dramática, afirma Rosenir Pereira de Melo, 32, que diariamente se arrisca para fazer a travessia da pista ao deixar o trabalho. Não só ela, mas outros colegas e clientes da loja muitas vezes chegam a ficar mais de 30 minutos aguardando a oportunidade de cruzar as duas pistas até o ponto de ônibus.

Excesso de velocidade dos condutores e a falta de faixas de pedestres, ou mesmo redutores de velocidade, tornam a situação ainda pior. “Se um veículo para, outro não. As motocicletas também não param e a gente não consegue atravessar. Todo dia ficamos esperando muito tempo porque as filas de carros não acabam”.

SILVANA RIBAS

Gazeta Digital

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