“Pensei que uma peça da ambulância tinha soltado”, conta médica atingida por bala perdida em Cuiabá

A médica Tarcys Barbosa, de 30 anos, estava dentro de uma ambulância, onde um paciente em estado grave era transportado, quando foi atingida por uma bala perdia no último domingo (24), na avenida Miguel Sutil, em Cuiabá. Antes de descobrir que estava ferida, ela pensou que uma peça do veículo poderia ter se soltado e atingido a perna dela.

“Ouvi um barulho bem alto e metálico, no mesmo instante senti uma pancada na perna esquerda. Pensei que alguma peça dentro da ambulância tinha se soltado e, com bastante pressão, atingido minha perna”, conta a médica.

Após ouvir o barulho, Tarcys tentou olhar em volta para descobrir o que tinha acontecido. Quase ao mesmo tempo, o motorista da ambulância alertou que o som era de tiro.

Os olhos da médica então correram em direção a porta do veículo, onde ela conseguiu ver um pequeno buraco. Automaticamente, o olhar se desviou para a perna e ela finalmente entendeu pelo que estava passando.

“Vi que já tinha sangue no chão da ambulância e disse: ‘pegou na minha perna’. Dentro da ambulância estavam também os filhos do paciente, que se agitaram perguntando o que estava acontecendo e se o pai estava bem”.

Assustados, os familiares cogitaram que seria correto para a ambulância. No entanto, Tarcys explica que sabia que o estado do paciente era grave e que ele precisava chegar a tempo para ser transportado para São Paulo (SP), por uma UTI área.

A técnica de enfermagem que estava na ambulância avaliou o ferimento de Tarcys e a equipe médica decidiu seguir com o transporte.

“Perguntei se ela conseguia ver o sangue pulsando, esguichando, ela disse que não. Isso me tranquilizou com relação a severidade da lesão. Então, disse que estava bem, que faríamos os primeiros socorros durante o caminho e continuaríamos nosso transporte”.

Chegada no aeroporto

Quando a ambulância parou no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, a técnica de enfermagem alertou que Tarcys precisava fazer um torniquete na perna para estancar o sangramento.

“A equipe da UTI aérea ainda não tinha chegado. A técnica de enfermagem falou que precisava do torniquete, mas como eu só tinha visto uma lesão, não vi o buraco de entrada e saída, falei que não precisava. Ela foi muito rígida e fez a coisa certa”.

Tarcys conta que ficou consciente durante todo o processo e que conseguia se comunicar com a equipe enquanto aguardava a chegada de um médico para avaliar a situação.

A profissional de saúde ainda lamenta o susto que o paciente transportado ficou exposto. Mesmo sentindo dor, a médica precisou manter o controle para o ambiente não ficar caótico.

“Era um paciente grave, mas estava consciente, então explicava para ele que estava tudo bem. Ele estava muito assustado. Eu estava com dor, mas temos que manter o controle, senão vira caos”.

O médico chegou no local e Tarcys foi levada para o Hospital Santa Rosa para receber atendimento médico. Na unidade de saúde, ela acionou a Polícia Militar e o boletim de ocorrência foi registrado.

No entanto, ela afirma que ainda não sabe de onde partiram os disparos. A médica ressalta a parceria dos colegas, que mesmo assustados também mantiveram a calma.

“Uma  equipe bem treinada faz toda diferença. Enquanto eu conversava com o paciente para tranquilizar tanto ele quanto sua família, a Sara [técnica de enfermagem] ia fazendo uma bandagem de compressão, evitando uma hemorragia pior. O condutor que também tem conhecimentos médicos e deu auxílio”.

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