Nomeada madrinha da 19ª Parada LGBTQIA+ de Mato Grosso, que acontece em agosto deste ano, a secretária-adjunta de Direitos Humanos da Prefeitura de Cuiabá, Christiany Fonseca, vê a sua escolha como uma oportunidade de provar que é dever de todos lutar pela igualdade de direitos e contra a LGBTfobia, não apenas de quem sente as dificuldades na pele no dia a dia.
“Ser madrinha da parada, sendo hétero, vem com a máxima de que não precisa ser LGBTQIA+ para ser contra a LGBTfobia”, afirmou em entrevista ao .
A secretária conta que a nomeação veio com um misto de surpresa e orgulho e ressalta que sabe a importância do cargo assumido. “A parada é um momento que dá visibilidade às pessoas que são invisibilizadas pela sociedade. Nela, a comunidade LGBTQIA+ reafirma a sua existência e resistência”, disse.
A nomeação de Christiany foi feita na cerimônia de lançamento do evento, na semana passada, no Cine Teatro, em Cuiabá. Ela conta que sua trajetória em defesa dos direitos das minorias começou no Movimento Estudantil, ainda na graduação em Ciências Sociais na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
“A parada é um momento que dá visibilidade às pessoas que são invisibilizadas pela sociedade”
Christiany Fonseca
Hoje, ela é professora efetiva de Sociologia no Instituto Federal de Mato Grosso e já ocupou o cargo de Chefe de Departamento de Apoio aos Estudantes, no qual realizava atendimentos a vários alunos com problemas familiares relacionados a LGBTfobia.
“A maioria dos que vinham até mim eram LGBTs. Eles falavam que sofriam violência dentro de casa. Inclusive uma aluna contou que seu padrasto a estuprou como forma de corrigi-la, por ela ser lésbica”, comentou Christiany.
A realidade dos alunos citados pela secretária acaba entrando no rol das subnotificações. Mesmo assim, Mato Grosso ocupa posição de destaque nacionalmente quando o assunto é violência contra esse grupo. Atualmente, o estado possui o segundo maior índice de violência contra LGBTQIA+ do país.
De acordo com o Anuário da Violência de 2022, Mato Grosso registrou 20 casos de lesão corporal dolosa e 12 mortes contra pessoas LGBTQIA+ em 2021. Além disso, a capital Cuiabá ocupa a sétima posição das cidades que mais matam LGBTQIA+ no Brasil, segundo estudos do Observatório de Violência LGBT.
Para levantar a bandeira pelo fim da violência e lutar por mais políticas públicas, a parada deste ano deve ter seu lema focado nas eleições, segundo Christiany. “Com um voto consciente, a população LGBT vai conseguir contribuir efetivamente para o cumprimento de seus direitos e mudança dessa realidade de violência”.
A 19ª Parada LGBTQIA+ de Mato Grosso acontece em 26 de agosto, às 16h, na Praça 8 de Abril.