Max Russi sai em defesa do voto secreto na análise dos vetos: “instrumento legítimo e necessário”

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Gilberto Leite/ALMT

Com informação: olhardireto

O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Max Russi (PSB), saiu em defesa do voto secreto após a polêmica derrubada do veto governamental ao projeto que autoriza cantinas em presídios. A discussão ganhou força depois que os parlamentares, em votação sigilosa, rejeitaram por 13 votos a 10 o veto do governador Mauro Mendes (União), reacendendo um antigo debate sobre transparência e independência entre os Poderes.

Russi argumenta que o voto secreto é um instrumento legítimo e necessário para garantir a liberdade dos deputados. “Se fosse voto aberto, os vetos jamais seriam derrubados. Como desafiar 22 deputados da base governista?”, questionou. Ele sustenta que, sem o sigilo, o Executivo poderia pressionar os parlamentares, seja por meio de emendas, influência política ou retaliações. “Para a democracia, é importante ter esse mecanismo. Senão, todas as votações seriam ‘chapa branca’, e eu não concordo com isso”, afirmou.

Por outro lado, o governador Mauro Mendes critica o uso do voto secreto em matérias que impactam diretamente a sociedade. “Quando o deputado vota algo que afeta a vida dos cidadãos, ele deve expor sua posição. Não é justo se omitir atrás do sigilo”, declarou. Ele chegou a questionar publicamente: “Quem são os 13 deputados a favor de mercadinhos para presos?”, referindo-se ao projeto que permite cantinas em unidades prisionais, vendendo itens como biscoitos, açaí e produtos de higiene pessoal.

O governo alega que essas cantinas representam riscos à segurança, pois poderiam facilitar a entrada de celulares, drogas e outros itens proibidos, além de servir como fonte de renda para facções criminosas. Apesar da divergência, Mauro Mendes assegurou que a relação com a Assembleia permanece intacta. “Isso não é motivo para estremecer os Poderes. Há independência, e cada um cumpre seu papel”, ponderou.

Russi, por sua vez, reconheceu que a discussão é complexa. “Se eu fosse governador, também iria querer voto aberto. Quem tem o poder sempre busca controle”, admitiu. O embate revela um conflito recorrente entre a necessidade de transparência e a defesa da autonomia parlamentar. Enquanto o Executivo pressiona por mais accountability, o Legislativo insiste que o sigilo é essencial para decisões livres de coerção.

A questão agora segue sob análise, mas o episódio já deixou claro que, por trás de uma aparente disputa técnica, há um jogo político que envolve poder, influência e os limites da democracia representativa. Enquanto isso, a sociedade acompanha atenta uma decisão que pode ter impactos reais tanto na segurança pública quanto na forma como as leis são aprovadas no estado.

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