Dois anos após ser morta pelo companheiro, o corpo da estudante de Direito, Lucimar Fernandes Aragão,41, ainda não foi localizado. Condenado por matar a companheira, Izomauro Alves Andrade não revelou onde escondeu o cadáver. Em júri, realizado no dia 26, a mãe implorou para poder enterrar a filha.
“Eu só queria o corpo da minha filha”, apelou Luzia Pereira de Aragão, 71, durante seu depoimento no julgamento. Ele relata que por várias vezes insistiu que a filha terminasse o romance com o agressor, que era muito violento e a relação sempre conturbada.
Foram mais de 12 horas de julgamento até Izomauro ser sentenciado a 22 anos de prisão por homicídio qualificado. O juízo considerou motivo torpe, feminicídio, condição que dificultou a defesa da vítima e ocultação do cadáver para determinar a pena a ser cumprida em regime fechado.
Além de ter matado a mulher, o réu foi condenado a 7 anos por roubo, em 2009. No ano seguinte, ele foi penalizado em 12 anos por outro homicídio. Em 2020, ele teve uma condenação de 1 ano por apropriação indébita. Além de já ter sido sentenciado pelos 3 crimes, ele responde por violência doméstica contra a vítima Lucimar.
Testemunhas relataram em juízo e consta na sentença que o casal construía uma casa juntos. A mulher tinha uma residência, que alugava, e foi morar com o homem em outro imóvel. Com investimento de ambos, o novo lar era reformado, mas diante de tanta violência, a mulher havia mandado o companheiro sair do local, mas ele se negava.
Como ele não deixava o espaço, a vítima exigiu ressarcimento de R$ 40 mil, motivo pelo qual ele a matou e desapareceu com o corpo.
“Em relação às circunstâncias do crime, não há como descrevê-las. Como o crime não contou com testemunhas presenciais não há elementos suficientes para descrever os atos que o precederam e a forma como foi cometido, possivelmente no interior da residência do réu”, diz a sentença.
Após o sumiço da mulher e a procura dos parentes, o réu dizia que ela tinha viajado para Terra Nova do Norte (675 km de Cuiabá). O carro, roupas e documentos da mulher ficaram para trás, o que despertou desconfiança da família e da polícia, que logo foi comunicada do desaparecimento.
“As consequências do crime são graves, pois transcorrido mais de dois anos e até o momento os restos mortais da vítima não foram localizados. A mãe da vítima, Luzia Paschoa Pereira Aragão, inquirida em plenário, afirmou: ‘eu só queria o corpo da minha filha’”, consta no documento.
Lucimar teve filho de relacionamento anterior, que mora com o pai há anos. Há ação para que os bens da mulher sejam repassados já ao herdeiro.
O caso
A princípio a polícia investigava o desaparecimento da mulher, vista pela última vez em 18 de maio de 2020. Ela se mantinha distante da família e os contatos eram esporádicos, tanto que o sumiço só foi registrado oficialmente em agosto daquele ano.
Vítima e suspeito namoraram por cerca de 6 meses e o relacionamento era conturbado. A mulher, inclusive, havia registro acusado de violência doméstica contra o companheiro.
Foi com ele que a mulher falou pela última vez e o suspeito sumiu logo após o crime. Ele foi localizado em fevereiro de 2021, mas conseguiu fugir. Posteriormente, ele foi preso, em fevereiro, escondido em casa de parentes, em Várzea Grande. O réu segue preso.
JESSICA BACHEGA
Gazeta Digital