Hipervigilância Ou Segurança? Conheça As ‘muralhas Digitais’ Que Estão Sendo Adotadas No Brasil Todo

Foto: SSP

Com informação: tecmundo

Várias cidades do Brasil, desde capitais até pequenas cidades, estão aprimorando a segurança pública com uma abordagem inovadora de um equipamento tradicional. O resultado é o que conhecemos como “muralha digital” ou “muralha eletrônica”. Este é um sistema que combina recursos de vigilância, como câmeras instaladas em vários pontos da cidade, inteligência artificial (IA) e uma equipe de monitoramento em tempo real. Ele é usado para prevenir ou combater a criminalidade, ajudando a rastrear suspeitos em caso de roubo, furtos, placas clonadas, acidentes graves de trânsito e outros incidentes. As muralhas digitais também podem ajudar a encontrar foragidos, fugitivos e pessoas com pendências com a Justiça. A tecnologia empregada, porém, vai além do acompanhamento por vídeo — e os olhos atentos desses sistemas trazem preocupações já em debate por especialistas de setores como Direitos Humanos e cibersegurança.

A implementação de uma muralha digital varia de acordo com a cidade, o projeto e até o orçamento, mas pode incluir os seguintes elementos: – Câmeras de monitoramento; – Centro de operações ou equipe especializada da Secretaria de Segurança Pública; – Alerta que cruza informações de bases de dados e outros materiais; – Compartilhamento de informações entre forças de segurança. As câmeras fazem a leitura de placas de veículos ou o reconhecimento facial. Elas são posicionadas em locais como entradas da cidade, vias públicas, parques ou praças, escolas e pontos turísticos, além de eventuais câmeras de viaturas e do uniforme.

De acordo com dados oficiais do estado de São Paulo, onde a chamada Muralha Paulista foi oficializada em setembro de 2024 após meses em fase de testes, o projeto em suas diferentes implementações ajudou a recuperar 107 carros roubados só no primeiro semestre de 2024 na região do Grande ABC, sendo que o volume de roubos também caiu. No ano passado, foram 19,3 mil detidos em todo o estado com o auxílio da tecnologia em diferentes casos. Ao todo, já são 10 mil câmeras inteligentes em uso em São Paulo, inclusive em cidades da região metropolitana. Araras, no interior de SP, já tem 179 câmeras instaladas.

Os argumentos principais das secretarias para implementar as muralhas digitais envolvem não só a precisão nas operações, mas também redução no tempo de resposta a alertas e redução nos custos com agentes, viaturas e logística. Especialistas ouvidos pelo TecMundo concordam que projetos como a Muralha Paulista são contraponto às propostas tradicionais de segurança pública. Ao mesmo tempo, entretanto, eles também geram “uma sensação normalização da hipervigilância”. Para Lucas Lago, membro do Instituto Aaron Swartz, instituição que dentre outras coisas promove e debate o uso de tecnologias que respeitam a autonomia individual e coletiva, há problemas do ponto de vista de direitos humanos que devem ser observados e discutidos.

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