O dia 25 de maio é uma data de grande importância no calendário de saúde, pois marca o Dia Internacional da Tireoide. Esta data serve como um alerta para a sociedade sobre os distúrbios que podem afetar esta glândula vital, que desempenha um papel crucial na regulação de órgãos essenciais, como o coração, o cérebro, o fígado e os rins. A tireoide é responsável pela produção de hormônios que influenciam não apenas o metabolismo, mas também a fertilidade, especialmente nas mulheres.
Distúrbios da tireoide, como o hipotireoidismo e o hipertireoidismo, têm um impacto significativo na saúde reprodutiva feminina. O hipotireoidismo é caracterizado pela produção insuficiente dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), enquanto o hipertireoidismo se refere à produção excessiva desses hormônios. Ambas as condições podem interferir na maturação dos óvulos e, consequentemente, afetar o ciclo menstrual, desde a ovulação até o desenvolvimento do feto, podendo até resultar em abortos espontâneos.
De acordo com Marcelo Marinho, diretor médico do Centro de Reprodução Humana da Clínica Fertipraxis, localizada no Rio de Janeiro, um dos efeitos mais preocupantes do aumento dos níveis de TSH (hormônio estimulante da tireoide) é a elevação da prolactina, outro hormônio que pode causar irregularidades menstruais e períodos de amenorreia, que é a ausência de menstruação. Essas alterações hormonais podem dificultar a ovulação e, portanto, a concepção. Além disso, as mulheres grávidas que apresentam distúrbios na tireoide devem ser acompanhadas de perto, pois a falta de tratamento adequado pode aumentar o risco de abortos.
Um dos distúrbios mais conhecidos que afetam a tireoide é a Tireoidite de Hashimoto, uma condição autoimune crônica que impacta entre 5% e 15% das mulheres em idade fértil. Essa doença resulta em uma diminuição da produção de hormônios essenciais para a fertilidade, podendo levar à anovulação (ausência de ovulação) e comprometer a qualidade dos óvulos. Inicialmente, a Tireoidite de Hashimoto pode apresentar sintomas sutis que passam despercebidos, mas à medida que avança, pode causar inchaço no pescoço e uma série de outros sintomas, como fadiga, ganho de peso, pele seca, sensibilidade ao frio e irregularidades menstruais.
Durante a gestação, o acompanhamento médico é fundamental para mulheres com Tireoidite de Hashimoto, uma vez que essa condição pode aumentar o risco de complicações, como pré-eclâmpsia, parto prematuro, restrição de crescimento fetal e até mesmo abortos espontâneos, especialmente no primeiro trimestre. Contudo, é importante ressaltar que, com o acompanhamento médico adequado antes e após o parto, muitas mulheres com essa condição podem ter gravidezes saudáveis e bem-sucedidas.
O diagnóstico de distúrbios da tireoide geralmente é realizado por meio de exames de sangue que medem os níveis de TSH, T3 e T4, além de ultrassonografias que podem ajudar a identificar nódulos ou cistos na glândula. A tireoide, que se assemelha a uma borboleta e está localizada na parte superior e frontal do pescoço, desempenha um papel vital na regulação do metabolismo e na saúde geral do corpo, desde a formação fetal até a velhice.
Em relação ao hipotireoidismo, a diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Carolina Ferraz, explica que essa condição é caracterizada pela baixa produção dos hormônios T3 e T4. Isso pode resultar em uma série de sintomas, como fadiga extrema, queda de cabelo, pele seca, constipação, lapsos de memória e até sintomas depressivos. Por outro lado, quando há uma produção excessiva de hormônios, caracterizando o hipertireoidismo, o metabolismo acelera, levando a sintomas como pele oleosa, sudorese excessiva, agitação, insônia, taquicardia e diarreia.
A endocrinologista destaca que, para o tratamento do hipotireoidismo, é possível realizar a reposição hormonal, enquanto no caso do hipertireoidismo, existem medicamentos que podem ajudar a reduzir a ação dos hormônios em excesso. Se a medicação não for suficiente, tratamentos adicionais, como a terapia com iodo radioativo ou até mesmo cirurgia, podem ser considerados.
Em suma, o Dia Internacional da Tireoide é uma oportunidade valiosa para aumentar a conscientização sobre a importância da saúde da tireoide e os impactos que os distúrbios dessa glândula podem ter na fertilidade e na saúde geral das mulheres. A detecção precoce e o tratamento adequado são essenciais para garantir uma vida saudável e a realização do sonho da maternidade.
Informações: Agência Brasil