“Eu jogava bola em uma quadra que havia acabado de inaugurar. Várias pessoas de diferentes bairros se reuniam para jogar lá. Certo dia dois amigos meus brigaram e eu separei a briga. Naquele momento, uma pessoa que não tinha nada a ver com a briga me perguntou quem eu era, onde eu tinha puxado”, disse, se referindo a possível presídio.
Uma semana após a briga, o suspeito e dois amigos tentaram matar Daniel. Foram nove tiros e um deles acertou a coluna deixando-o o jovem na cadeira de rodas, em agosto de 2012.
“Foi bem difícil, para gente que anda, passar a viver numa cadeira de rodas…, mas graças a minha família, meus amigos, que sempre estiveram do meu lado me dando apoio, eu consegui superar”, relata Daniel, que é casado e pai de um menino de três anos.
Apaixonado por atividades físicas, como ciclismo e futebol, logo que saiu do hospital Daniel procurou uma atividade para realizar. No entanto, naquela época não encontrou. O último grupo de basquete de Cuiabá havia encerrado.
Como conheceu novos amigos com deficiência, Daniel e os colegas resolveram criar um grupo e iniciar a prática em cadeiras sem qualquer adaptação. “Começamos a jogar e em 2017, no governo passado, quando era Pedro Taques, ele comprou as cadeiras através da Secretaria-Adjunta de Pessoa com Deficiência”.
“Comecei no basquete de cadeira de rodas e em 2018 eu corri em uma corrida de rua através de um amigo meu. De lá para cá, me apaixonei pela corrida de rua. Comecei a correr na própria cadeira de uso comum. Passei a fazer rifa, almoços para correr na cadeira especial apropriada com três rodas”, lembra. Daniel conseguiu adquirir a cadeira em 2019 e estreou o novo veículo na Corrida de Reis 2020, conquistando o primeiro lugar. Atualmente ele é bicampeão.
A preparação do paratleta conta com musculação com patrocínio da academia Rage Prime, além do percurso da rodovia Emanuel Pinheiro, que varia entre 10 e 15 quilômetros. No caminho enfrenta com os problemas de acessibilidade.
“Dificuldade a gente tem todo dia a dia. Eu, por ser uma pessoa deficiência, já ao sair de casa tenho dificuldade de acessibilidade. Tenho uma dificuldade imensa de atravessar a rodovia Emanuel Pinheiro no caminho para ir à academia porque ele não tem rampa. A rodovia ela é inacessível”, afirma.
Em 31 de dezembro de 2022, Daniel competiu pela primeira vez na Corrida de São Silvestre, a mais tradicional prova de rua do Brasil, e conseguiu conquistar o 3º lugar. “Foi a realização de um sonho. Todos os atletas têm um objetivo quando entre em uma competição, é conquistar a que todo mundo almeja. No meu caso foi a São Silvestre. Apesar de nunca ter corrido 15 quilômetros, eu treinei para correr e graças a Deus fui vitorioso. Foi difícil algumas partes, subidas que eu não contava, mas graças a Deus consegui passar”.
“Agradeço a Deus, a minha família, amigos e patrocinadores pela ajuda e incentivo. Sem vocês eu não conseguiria, muito obrigada”, agradeceu.