Uma teoria sobre uma possível ‘cidade secreta’ chamada de Ratanabá, na Amazônia, ganhou força nas redes sociais nesta semana. Ela afirmava que parte da cidade estaria no município de Apiacás, a 1.005 km de Cuiabá. Segundo especialistas ouvidos pelo g1, essa tese não encontra respaldo na realidade.
A teoria dizia que as linhas retas observadas na floresta amazônica na região norte do estado seriam marcas das construções de uma antiga cidade até então escondida.
Porém, essas marcas são formações geológicas naturais e tiveram esse formato moldado ao longo do tempo por causa da chuva e do vento, segundo o geólogo Caiubi Kuhn, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
“Quando essas rochas ficam expostas ao sol, chuva entre outros agentes da dinâmica externa, as áreas próximas a essas estruturas lineares tendem a ser erodidas de forma diferente das rochas que está no entorno. Ou seja, essas estruturas lineares são resultado do modelamento do relevo”, explicou.
Segundo ele, as imagens usadas na teoria são facilmente encontradas em qualquer parte do planeta, não apenas na floresta amazônica.
“São estruturas geológicas comuns em regiões onde possuem rochas que já foram deformadas por processos tectônicos e que atualmente são erodidas devido a ações da chuva, sol, vento, entre outros processos. Se você abrir o Google e for olhando diferentes regiões do planeta, você verá muitas estruturas lineares, dobras, entre muitas outras estruturas geológicas muito interessantes”, disse.
Para o geólogo, a resposta científica a essas questões deveria ser mais interessante do que a propagação de boatos.
“Embora a resposta conspiratória ou mágica pareça algumas vezes bacanas, ela não é verdadeira. A resposta cientifica, porém, pode ser até mesmo muito mais interessante. Mas, para isso, é preciso estudar e entender os processos que movimentam nosso planeta”, afirmou.
Tecnologia a favor da ciência
Para o professor de ecologia da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), Ben Hur Marimon, a tecnologia de Imagens por Laser (Lidar) contribuiu para desmentir essa teoria e para aprimorar as análises para outras pesquisas de mapeamento nas florestas.
A análise utilizada consegue remover toda a vegetação e verifica tudo o que há no solo e no subsolo, o que permite averiguar cada detalhe das imagens coletadas com precisão, segundo ele.
G1-MT