Barranco diz que decisão de exonerar Neri foi correta e defende investigação

Thaís Fávaro

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Thaís Fávaro

Presidente de PT de Mato Grosso, p  deputado estadual Valdir Barranco (PT) disse que a decisão de exonerar o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Neri Geller (PP), após escândalo de fraude em leilão de arroz foi correta, uma vez que não poderia mantê-lo  no cargo com alguma suspeita de irregularidade. No entanto, afirma que o caso precisa ser apurado.

“O presidente Lula é uma pessoa muito sabia e não tolera qualquer atitude que seja ilegal […] é algo que deve ser assim. Se há qualquer suspeição, não pode se manter no cargo. Ela deve pedir, até para que haja imparcialidade das investigações. É algo que precisa ser apurado e se tiver algum culpado tem que ser punido”, concluiu o deputado.

No cargo desde dezembro do ano passado, Neri foi exonerado na tarde dessa  terça-feira (11), após a informação de que Robson Luiz Almeida França, responsável por arrematar nove dos 15 lotes de arroz do leilão ocorrido na semana passada, já atuou como seu assessor parlamentar e é sócio do seu filho, Marcelo Geller.

 

Barranco ainda saiu em defesa do presidente Lula  e disse que a decisão de realizar um leilão para comprar arroz de fora foi tomada após os alardes de empresários nas redes sociais sobre uma possível escassez do produto devido ao desastre climático que atingiu o Rio Grande do Sul no último mês.

Segundo Barranco, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já havia tranquilizado a população de que não haveria desabastecimento porque 80% da safra de arroz já havia sido colhida. Mesmo assim, alguns empresários aumentaram o preço do produto e fizeram alertas nas redes sociais sobre o possível risco de acabar o produto.

“O presidente Lula optou em fazer o leilão exatamente porque eles diziam que iria faltar arroz. Inclusive, alguns empreendimentos comerciais já estavam fazendo terrorismo para que as pessoas pudessem fazer a aquisição, uma vez que havia risco de desabastecimento de arroz. Diante dessas informações e no auge da tragédia, o presidente Lula, para garantir o equilíbrio dessa questão de arroz, determinou o leilão e aí quem tem interesses comerciais em faturar com o caos, começa a perceber que não vai poder ter alta no preço do arroz eles mudam o discurso e começam a dizer que não vai ter problema”, explicou Barranco à imprensa nesta quarta-feira (12).

Barranco diz ainda que Lula deve reavaliar a decisão de realizar um novo leilão e pode até mesmo recuar da medida, caso fique comprovado que realmente não haverá desabastecimento.

“O presidente é um democrata e irá ouvir todos para saber qual decisão irá tomar. Agora, se for comprovado que não haverá desabastecimento, e que eles não farão uso da tragédia para querer faturar em cima dos pobres que precisam do arroz para sobrevivência, o presidente Lula certamente fará o leilão. Se ficar comprovado que não haverá mesmo o desabastecimento e escalada dos preços não tem porque manter leilão”, pontuou.

Entenda o caso

O Governo Federal, por meio da Conab, havia adquirido, na semana passada, 263 mil toneladas de arroz importado em um leilão público – o que corresponde a 88% do pedido inicial, que era de 300 mil toneladas. As negociações ocorreram após as enchentes no Rio Grande do Sul, mesmo o Governo tendo anunciado que teria arroz suficiente em estoque, a fim de garantir a regulação do mercado.

O produto foi adquirido por R$ 25, o pacote de 5 kg, e deveria chegar na mesa do consumidor final por R$ 20 (ou seja, R$ 4 por 1 kg).

Acontece que, nesta terça-feira (11), o Governo voltou atrás e anulou o leilão, sob justificativa de que há indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras. No entanto, o Governo Federal pretende fazer um novo leilão, agora conduzido pela Conab.

 

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