Atletismo paralímpico: fonte de pódios e principal aposta para campanha histórica em Paris

Foto: Alê Cabral

Carro-chefe da história do Brasil em Jogos Paralímpicos, o atletismo nacional chega a Paris com dose extra de expectativa. O país terminou os dois últimos mundiais da modalidade na segunda colocação geral. Em um deles, superou em número de pódios a China, primeira no critério de ouros. Os resultados e os índices alcançados permitiram ao time nacional chegar à França com seu maior elenco de todos os tempos: 89 competidores, entre 71 atletas e 18 guias.

“A cota máxima de atletas possível por país no atletismo é de 73 competidores. Quase atingimos. Talvez só a China tenha chegado a esse número”, destaca João Paulo da Cunha, coordenador de atletismo do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Os números sinalizam o potencial. No Mundial do Japão deste ano, foram 42 pódios: 19 ouros, 12 pratas e 11 bronzes, o maior número de ouros nacionais na história. No Mundial de Paris, em 2023, o país registrou o maior número de pódios: 47, com 14 ouros, 13 pratas e 20 bronzes. O CPB usa dois critérios principais de convocação: resultados expressivos em mundiais e posição no ranking. Assim, ter uma delegação tão numerosa só confirma a capacidade e talento dos brasileiros.

Esta será a minha terceira vez nos Jogos Paralímpicos e estou mais ansioso do que na primeira. Agora já sou conhecido e sei como é a cobrança. Mas cheguei aqui para me divertir e tentar conquistar mais um título”

Petrúcio Ferreira, bicampeão paralímpico dos 100m na Classe T47
Historicamente, o atletismo sozinho responde por 170 pódios do Brasil, 45,5% do total de 373 medalhas que o país conquistou nas 11 edições de Jogos Paralímpicos que disputou. Em Paris, o megaevento será de 28 de agosto a 8 de setembro. A delegação brasileira completa tem 280 atletas na disputa de 20 modalidades.

ANSIEDADE – A equipe brasileira desembarcou no início da semana em Troyes, cidade a cerca de 160 km de Paris, para a aclimatação. A disputa do atletismo tem início no dia 30 de agosto, com disputas de medalhas em todos os dias.

Um dos nomes de referência do país nas pistas é o paraibano Petrúcio Ferreira. É o atual recordista mundial nos 100m e 200m na classe T47, para atletas com amputação nos braços. Foi ouro nos 100m nos Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021. Terminou com a prata nos 400m no Rio e o bronze no Japão. Disputa novamente os 100m e 400m em Paris.

“Esta será a minha terceira vez nos Jogos Paralímpicos e estou mais ansioso do que na primeira. Agora já sou conhecido e sei como é a cobrança. Mas cheguei aqui para me divertir e tentar conquistar mais um título”, afirmou Petrúcio, que sofreu um acidente com uma máquina de moer capim aos dois anos e perdeu parte do braço esquerdo. Com a marca de 10s29, ele é o atleta paralímpico mais rápido de todos os tempos nos 100m, considerando todas as classes do programa do atletismo.

RESILIÊNCIA – Assim como Petrúcio, a paulista Beth Gomes defenderá a medalha de ouro nos Jogos, já que foi campeã no lançamento de disco da classe F52 (cadeirantes) em Tóquio. A novidade é que, desta vez, ela vai encarar o desafio no arremesso de peso. “Eu chego a Paris com toda a resiliência e o treinamento possível neste ciclo paralímpico. Então, estou bem preparada. Sempre digo que, independentemente da cor da medalha, quero conquistar algo para o país. Vou para a competição com objetivos bem definidos, respeitando as adversárias e sabendo que elas também treinaram”, avaliou a paulista, que compete pela Associação Santista Paradesportiva (Aspa-SP) e foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993.

SONHO DOURADO – Prata nos 400m e nos 200m nos Jogos de Tóquio 2020 e prata no revezamento 4 x 100m nos Jogos Rio 2016, a potiguar Thalita Simplício desembarcou em Paris como uma das favoritas à medalha dourada. Afinal, no Mundial deste ano, em Kobe, no Japão, ela conquistou o ouro nos 400m e a prata nos 200m. “Acho que agora é questão de cabeça, porque treino a gente já fez. É tentar deixar a ansiedade e ficar o mais tranquila possível, o mais de boa possível”, diz.

CAMPANHA ÉPICA – A qualidade da equipe brasileira nas provas de pista e campo está na raiz do otimismo do presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, em uma campanha expressiva da delegação brasileira como um todo em Paris. “A gente tem no plano estratégico, formulado lá em 2017, a meta de conquistar entre 70 e 90 medalhas agora e de ficar entre os oito primeiros, mas a real expectativa é fazer em Paris a melhor campanha de todos os tempos”, disse Mizael. A melhor marca até hoje foi na última edição, em Tóquio 2021. Lá, o país ficou na sétima posição, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes: 72 medalhas no total.

BOLSA ATLETA – Dos 280 atletas brasileiros em Paris, 274 são integrantes do Bolsa Atleta (97,8%). Dos seis que não fazem parte atualmente, quatro já estiveram em editais anteriores. Os outros dois são guias, que correm ao lado de atletas com deficiência visual. O primeiro edital do Bolsa Atleta em que atletas-guia puderam ser contemplados foi o de dezembro de 2023, após a aprovação da Lei Geral do Esporte.

MEDALHAS – O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições. São 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes. As três modalidades que mais garantiram pódios são, além do atletismo (170 medalhas), a natação (125 medalhas – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e o judô (25 medalhas – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes).

Fonte: Atletismo paralímpico: fonte de pódios e principal aposta para campanha histórica em Paris — Secretaria de Comunicação Social (www.gov.br)

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