Ativista cadeirante destaca orgulho e representatividade

No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado neste sábado (03), a ativista cuiabana do Movimento PcD, Zannandra Fernandez, 20, destaca que não se sente confortável andando, e sim em sua cadeira de rodas. “Meu lugar no mundo é como cadeirante.Tudo que sempre sonhei para minha vida nunca dependeu que eu andasse. Andar nunca me trouxe segurança. Confiança e felicidade, quem me trouxe foi a minha cadeira”.

Zannandra Fernandez também é modelo e criadora de conteúdo na internet. Nas redes sociais, a jovem possui mais de 12 mil seguidores. Ao GD, a cuiabana contou que produz seus materiais sem foco em resultados e aprovação.

“As pessoas sem deficiência não estavam preparadas e nem queriam ouvir que elas podem ser preconceituosas e que sua criação foi capacitista. Mas aos poucos fui perdendo esse receio, não porque não há mais comentários negativos, mas porque existem pessoas com deficiência que precisam saber que existem pessoas que falam por e para eles”, comentou.

Capacitismo é o preconceito contra pessoas com deficiência. São falas e ações que oprimem e excluem os deficientes do ambiente social. No Brasil, esse tipo de discriminação ainda é entrave para a inclusão e a diversidade.

A deficiência da jovem criadora de conteúdo não é degenerativa. Ela teria possibilidade de voltar a andar com tratamento adequado. “Essa foi uma das razões que me fez demorar tanto pra me reconhecer como uma PcD. Mas, para isso acontecer, eu teria que dedicar a minha vida toda para um tratamento que no fundo, eu sentia que não era para mim, e sim para uma sociedade que sempre me impôs que andar é a única escolha possível”.

O orgulho de se reconhecer e se aceitar como uma mulher cadeirante levou a jovem a registrar em seu corpo uma tatuagem como forma de libertação.

“Essa tattoo [sic] tem tantos significados pra mim, mas acho que o mais importante é lembrar da paz que me trouxe quando consegui me reconhecer como uma pessoa com deficiência, mesmo crescendo ouvindo que isso não deveria ser motivo de orgulho. Me reconhecer como uma mulher cadeirante foi libertador e quis que a minha primeira tatuagem fosse sobre isso” contou para a reportagem.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que cerca de 24% da população brasileira se reconhece como pessoa com deficiência. No entanto, esses quase 45 milhões de brasileiros que possuem alguma deficiência ainda enfrentam graves problemas cotidianos.

Para Zannadra Fernandez, a importância da inclusão de Pessoas com Deficiência não é somente para que consigam ter os direitos respeitados, mas para que a sociedade, de modo geral, pense e aja de forma inclusiva.

A Lei nº 14.146/2015, conhecida como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), destaca que acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Porém, no Brasil, a acessibilidade para Pessoas com Deficiência ainda é algo tratado como segunda via e os poucos lugares que tentam ser inclusivos, por vezes, não são verdadeiramente tão acessíveis para essas pessoas. “É preciso pensar além de conseguir acessar os lugares, é preciso ser possível existir nos lugares. Uma simples rampa, um banheiro preferencial e outros recursos de acessibilidade convencionais muitas vezes não são suficientes e nem verdadeiramente acessíveis. Para mim, um ambiente acessível é onde consigo existir com autonomia, não que preciso de terceiros. Deveríamos poder ter o mesmo acesso que pessoas sem deficiência e, isso só é possível quando estamos presente no desenvolvimento de projetos”.

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

O dia 03 de Dezembro foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para celebrar o Dia da Pessoa com Deficiência, ressaltando a importância da inclusão dessas pessoas na sociedade e a eliminação do capacitismo. De acordo com a ONU, aproximadamente 10% da população mundial possuem algum tipo de deficiência.

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