Ajuste de regra amplia competitividade do judô brasileiro nos Jogos de Paris

Foto: Gabriel Heusi / Min. Esporte

OBrasil sempre foi potência nos tatames. O judô é a terceira modalidade com maior número de pódios para o país em Jogos Paralímpicos. São 25, com cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes. Em Paris, um ajuste nas regras tem potencial de ampliar ainda mais as chances nacionais. A Federação Internacional separou em 2022 os cegos totais (J1) dos atletas de baixa visão (J2). Com isso, o ciclo até a França mostrou que os atletas brasileiros ganharam ainda mais projeção.

Subi ao pódio de todas as competições disputadas. De 48 lutas, venci 44. É trabalhar bastante a cabeça agora.  Acho que estou próximo da medalha de ouro”

Wilians Araújo, campeão mundial entre os pesados

Atual campeão mundial entre os pesados (+90 kg), o paraibano Wilians Araújo, 32, teve a injeção de ânimo de que precisava. O ciclo desde Tóquio foi praticamente perfeito. Líder do ranking internacional J1, ele levou o título mundial em 2022 e colecionou seis ouros, uma prata e um bronze em etapas do circuito mundial

“Subi ao pódio de todas as competições disputadas. De 48 lutas, venci 44. Achei que o ápice tinha sido nos Jogos Rio 2016, mas Deus me reservou essa nova fase. É trabalhar bastante a cabeça agora. Diferentemente de Tóquio, quando vinha de cirurgia, neste ciclo não tive lesões graves. A gente treina a vida inteira por um dia desses. Agora, acho que estou próximo da medalha de ouro”, disse o atleta, que perdeu a visão aos 10 anos em decorrência de um acidente com uma espingarda de chumbinho.

Willians está em sua quarta participação em Jogos Paralímpicos. Em Londres (2012), ficou em quinto lugar. Nos Jogos Rio 2016, chegou à final e terminou com a prata. No Japão, em 2021, foi surpreendido na estreia e terminou em nono.

Alana Maldonado defende em Paris o ouro conquistado em Tóquio, o primeiro de uma judoca brasileira. Foto: Matsui Mikihito/CPB
Alana Maldonado defende em Paris o ouro conquistado em Tóquio, o primeiro de uma judoca brasileira. Foto: Matsui Mikihito/CPB

CATAPULTA – A mudança na regra ajudou a catapultar vários nomes na Seleção Brasileira. Dos 15 convocados, nove são estreantes. Uma das novatas é a potiguar Rosi Andrade, 27, primeira do ranking mundial. Campeã parapan-americana no Chile, no ano passado, ela foi bronze em sua estreia em Mundiais, em Baku 2022, ouro no Pan-Americano da IBSA 2022 e colecionou três ouros, três pratas e dois bronzes em etapas de Grand Prix da IBSA. “A mudança da regra foi muito boa para mim e outros atletas J1, que podem disputar de igual para igual. Fico feliz com a minha evolução desde a primeira competição. Conseguir me manter na maioria dos pódios me deixa orgulhosa e, com certeza, servirá de motivação em Paris”, explica Rosi.

DEFESA DE TÍTULO – Outro destaque do time é Alana Maldonado, terceira colocada do ranking mundial, que defende em Paris o título conquistado em Tóquio, o primeiro de uma judoca do país na história da modalidade.

CATEGORIAS – Ao todo, o Brasil tem 15 atletas em Paris. Está representado em 14 das 16 categorias, um recorde em edições de Jogos Paralímpicos. Há quatro categorias de peso no masculino e quatro no feminino, e competições nas classes J1 e J2.

ADAPTAÇÃO – O judô paralímpico segue as mesmas regras do judô convencional. São quatro minutos de luta e, se houver empate, tem início o Golden Score. A principal adaptação é no início das lutas. Os dois atletas já começam com a pegada no adversário estabelecida, encaixada. Quando os dois adversários se desencontram ao longo da luta, a arbitragem para a luta e restabelece a pegada.

HISTÓRICO – O judô integra o programa dos Jogos Paralímpicos desde os Jogos de Seul, na Coreia do Sul, em 1988. A chave feminina foi adicionada nos Jogos de Atenas, em 2004, na Grécia.

CALENDÁRIO – As lutas estão agendadas para a reta final dos Jogos Paralímpicos. Serão nos dias 5, 6 e 7 de setembro, na Arena do Campo de Marte, com preliminares às 5h e as finais, entre 10h30 e 11h (horários de Brasília).

BOLSA ATLETA – Dos 280 atletas brasileiros em Paris, 274 são integrantes do Bolsa Atleta (97,8%), incluindo os 15 do judô. Dos seis que não fazem parte atualmente, quatro já estiveram em editais anteriores. Os outros dois são guias, que correm ao lado de atletas com deficiência visual. O primeiro edital do Bolsa Atleta em que atletas-guia puderam ser contemplados foi o de dezembro de 2023, após a aprovação da Lei Geral do Esporte.

MEDALHAS – O Brasil tem 373 medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos, em 11 edições. São 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes. As três modalidades que mais garantiram pódios são, além do atletismo (170 medalhas), a natação (125 medalhas – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e o judô (25 medalhas – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes). Os Jogos Paralímpicos são de 28 de agosto a 8 de setembro.

Fonte: Ajuste de regra amplia competitividade do judô brasileiro nos Jogos de Paris — Secretaria de Comunicação Social (www.gov.br)

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